Licitação pode reforçar alta nos preços globais da ureia

Movimento da Índia, somado à possível retomada das exportações de ureia na China, adiciona incertezas ao mercado

03.06.2025 | 15:12 (UTC -3)
Valéria Campos

A Índia anunciou, na semana ada, uma nova licitação para a importação de ureia. De acordo com o relatório semanal de fertilizantes da StoneX, o movimento já era amplamente esperado pelo mercado internacional, principalmente devido à proximidade da safra Kharif — um dos principais períodos de aplicação de fertilizantes no país asiático – e, por isso, o anúncio não gerou surpresa entre investidores e analistas do setor.

Ainda assim, a confirmação da licitação pode reforçar a tendência de firmeza nos preços globais da ureia, uma vez que a Índia é considerada uma das maiores importadoras mundiais de fertilizantes nitrogenados.

“Historicamente, durante os períodos de licitação indiana, investidores acompanham atentamente esse evento. Isso porque a possibilidade de que a Índia adquira uma parcela relevante dos estoques disponíveis no mercado global pode gerar pressões altistas, especialmente quando a oferta global já se encontra limitada, como é o caso atualmente, em função de restrições na produção em países como o Egito, onde cortes no fornecimento de gás natural reduziram a produção de nitrogenados”, explica o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Tomás Pernías.

Por outro lado, o mercado monitora de perto o cenário na China, onde há expectativa pela retomada das exportações de ureia, evento que pode trazer pressões baixistas no mercado de nitrogenados.

Com base nesse cenário, as informações do setor sugerem que alguns fornecedores chineses já submeteram cargas para inspeção aduaneira e, mediante o desembaraço da mercadoria, poderão ser liberadas para exportação.

“No entanto, há grande incerteza quanto aos prazos e volumes envolvidos e, possivelmente, a oferta chinesa só começará a influenciar o mercado a partir de meados de junho — e, ainda assim, não se sabe com clareza qual será a quantidade efetivamente liberada para exportação”, analisa Pernías.

Para os importadores e agricultores do Brasil, esses eventos acrescentam um nível adicional de incerteza em um momento crucial para o mercado doméstico. A partir da segunda metade do ano, intensificam-se os preparativos para a safra de verão, fase estratégica para a definição dos custos de produção.

“Nesse contexto, a combinação da licitação indiana e das indefinições quanto às exportações chinesas pode aumentar a volatilidade e dificultar a previsibilidade dos preços — justamente quando os produtores brasileiros buscam maior clareza sobre o cenário e os custos dos insumos”, conclui Pernías.

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